domingo, junho 17, 2007

[povoamento]

No teu amor por mim há uma rua que começa
Nem árvores nem casas existiam
antes que tu tivesses palavras
e todo eu fosse um coração para elas
Invento-te e o céu azula-se sobre esta
triste condição de ter de receber
dos choupos onde cantam
os impossíveis pássaros
a nova primavera
Tocam sinos e levantam voo
todos os cuidados
Ó meu amor nem minha mãe
tinha assim um regaço
como este dia tem
E eu chego e sento-me ao lado
da primavera.

Ruy Belo in Aquele Grande Rio Eufrates

sexta-feira, junho 15, 2007

por que é que os homens verdes
.
desaparecem no nevoeiro?



never be back!

quinta-feira, junho 14, 2007

por que mal me queres tanto?!

why daisy me so?

quarta-feira, junho 06, 2007

undomesticated foot

TO BE FRIENDTO KEEP MYSELF UP
TO BE ALIVE

terça-feira, junho 05, 2007

A day in Milan

MY WORK

segunda-feira, junho 04, 2007

OBSTINAÇÃO

Se te deitas sobre as minhas mãos e te agarras às marcas que o tempo estampou nelas… podes cair e sabes…Foi esse mesmo tempo que fez oxidar o ferro que trazes na mão.
Chega-te mais à luz para que te possa ver melhor. Assim está bem!
Afinal também tens olhos com pestanas compridas quando te ris como eu, como se nada fosse.
Prefiro que tudo isso ganhe sentido quando for a hora. Há de bastar o dia.
Mesmo que lá não estejas para me ver chorar, nesse dia chorarei com lágrimas pretas como as águas do teu lago.
Bastará o dia... Bastará o dia... Bastará o dia...
Há sempre uma mentira em cada dente à espera que a verdade saia para a matar, ali a sangue frio.
Sou eu agora que me deito sobre ti, calada. Guia-me só. Eu vou.
Vou ao teu copo, pela tua mão, provar o néctar duma cereja inteira.

domingo, junho 03, 2007

21 de Maio de 2005

A cama está desamarrada no meu quarto
A gata dorme agarrada ao filho ainda transparente
Pelos buracos abertos na parede nascem gatos adultos e mortos
Ensanguentados e cobertos de pelagem multicolor
Tapo as fendas abertas por detrás do guarda-fatos
Mas eles continuam a invadir o quarto hermeticamente fechado
São aos milhares
A gata geme
Quer expelir o filho cru
A notícia acontece aos poucos
Levo horas nisto (a tirar gatos do meu quarto)
Depois a aflição
A dor fetal
As entranhas aparecem
O sangue visceral ocorre lento mas eficaz
O bicho respira
Finalmente mama, sôfrego, até adormecer.