sexta-feira, maio 19, 2006

waiting roof



arranhar de novo as telhas e gastar as unhas
reconstruir o telhado para me sentar sobre ele
espreitar para fora do mundo
para fora do muro
e só restam os olhos que não vazei

chegam os ventos frios de um sul inventado
cristais de gelo espetam-me a pupila nua
vejo ainda a frágil transparência dos teus passos

bebo a transbordar o teu silêncio
quando já bebi das tuas mãos o vinho

sento-me sobre o meu telhado
e o tempo escolhe o lugar
ao meu lado o teu vazio

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