sábado, junho 24, 2006

palavras verdes a mais

Fiquei ali, imóvel, durante algum tempo. Pelo meu olhar vago corrias tu. O som da tua voz descontinuada insistia em agarrar-se à minha memória. Estavas tão longe. Caí na cama esmagada pelo teu peso. Em cima de mim, e da cama, não eras mais do que um sopro intermitente. Quente, mas em forma de cubo. Sem me conseguir mexer, fazer um único movimento, fui-me deixando ficar…ali…deitado…imóvel…até deixar de ter vontade própria. Caí na cama, esmagado pelo teu peso. E do cubo a forma fez-se… senti o desenho das tuas costas contra as palmas das minhas mãos… Fechei os olhos e percorri o teu corpo. O cheiro do café era substituído a cada segundo pelo teu. Mesmo não os vendo, agarrei os teus cabelos… agarrei-te inteira.
Tic Tic…Tic Tic…
Abro um olho, depois o outro…
Tic Tic na porta do quarto.
Chegava uma encomenda. Uma caixa pequena. A um domingo de manhã. Abri. Rosas... Chegavam rosas... Chegavam rosas suficientes para me encobrir. Chegavam, cobertas de fuligem e açúcar em pó.

1 comentário:

Anónimo disse...

É muito bonito este teu pequeno texto. Deixou de existir cor nas tuas fotos por teres escolhido ser daltónica?