do cristal nas minhas mãos

[a água para o lago]

my lomo and i

é proibido proibir

my lomo and I

ou será o Pai Natal?

Uma Carta do Amor Insuportável

[...]

Ah, dêem-me um coração fiel que não pergunte quando, como e sempre - um coração como uma mão gretada de trabalhos, que no entanto dá e dá.

Dêem-me um coração fresco e sem meandros de trocas múltiplas, infecundas, facilitadadas por irrelevâncias a esquecer.

Dêem-me um coração capaz de submergir-se na surpresa.

Dêem-me um olhar que fique onde se encontra. Aquele que cega em nome do já entrevisto e prometido.

Dêem-me um coração fiel como uma pedra húmida. Um coração que fica onde jurou servir e aprender na pena e na pobreza e na razão e na desrazão.

Dêem-me um coração do lado de dentro de um corpo canhestro coberto de cicatrizes nodosas, ferido a cada dia e porém capaz de júbilo de bailar agarrando à terra cada pequenina cria, cada pequena colheita.

Dêem-me um coração como os soldados de antigamente e os novíssimos guerrilheiros, um coração espesso de crença onde o saber hesita.

[...]

Maria Velho da Costa

In Cravo. Lisboa: Moraes Eds.,1976, p.98

[some times I dream with a blue tree]

London last night...

[AS NOIVAS]

porque vale a pena conhecer esta senhora

Ilustração de Alice Geirinhas
Publicada na revista 'Os Meus Livros' Outubro 2000

Ambivalência Afectiva

[Ambivalência: anormalidade das tendências que se caracteriza pela coexistência de juízos contraditórios sobre o mesmo objeto simultaneamente. Portanto, no plano afetivo a Ambivalência consiste em experimentar sentimentos opostos, simultaneamente e em relação ao mesmo objeto.]

«Caracol unicórnio com vinte patas que anda à velocidade da luz» pensou. Mas de nada lhe serviria andar a inventar bichos novos, o que, ainda por cima, lhe abria o apetite da perversidade.